Sábado, dia 16, o clube de rugby onde jogo, o Cascais Rugby Linha, deslocou-se a Setúbal para um jogo muito difícil. Depois de quase 1 mês de natal parados, depois de 15 dias de treinos a meio gás, com grandes jogadores de fora por lesão, nenhum de nós esperava grande jogo. Confiámos apenas na vontade que caracteriza um jogador de rugby e entrámos em campo. Só nós conseguimos perceber o sentimento no final, o orgulho ferido da derrota pesada, o orgulho ferido da nossa má prestação. Não houve culpados individuais, houve uma equipa que não foi equipa, como outrora. Só a nós devemos isso, só a nós podemos pedir dividendos. Estamos e crédito e em débito, simultaneamente, para connosco.
Nessa mesma noite, depois do dia difícil, fui jantar com uns amigos. Entre cervejas e gargalhadas fui contando o que acontecera no encontro e explicando as mazelas. A reacção deles não variou (compreensivelmente) das outras que já tinham todos tido noutras alturas: a incredulidade apoderou-se dos presentes não encontrando justificação para o esforço físico e para, em certas alturas, o sofrimento.
É fácil de perceber que isto passa pela cabeça de quem não joga rugby. Mas tudo vale pelo momento de uma placagem, de uma entrada, de um lifting ou maule. A adrenalina é imensa e a vontade de entregar o que se tem à camisola excede o compreensível. Os narizes partidos, sobrolhos abertos, orelhas rasgadas, pés torcidos (para não falar de coisas mais graves) são completamente secundários. A solidariedade dentro de campo é ordem, a equipa é o sustento individual. "A cabeça é que manda" aprendi num dos primeiros treinos da minha vida (a 10 anos, precisamente) e a partir daí tem sido só construir, aprender, respeitar. É dificil perceber o que um jogador de rugby sente a não ser que se seja um. É difícil deixar de jogar rugby pelo que se vive. Que continue a ainda curta aventura do C.R.L. por tudo isto e por muito mais.
Até Já