domingo, 17 de janeiro de 2010

C.R.L.

Sábado, dia 16, o clube de rugby onde jogo, o Cascais Rugby Linha, deslocou-se a Setúbal para um jogo muito difícil. Depois de quase 1 mês de natal parados, depois de 15 dias de treinos a meio gás, com grandes jogadores de fora por lesão, nenhum de nós esperava grande jogo. Confiámos apenas na vontade que caracteriza um jogador de rugby e entrámos em campo. Só nós conseguimos perceber o sentimento no final, o orgulho ferido da derrota pesada, o orgulho ferido da nossa má prestação. Não houve culpados individuais, houve uma equipa que não foi equipa, como outrora. Só a nós devemos isso, só a nós podemos pedir dividendos. Estamos e crédito e em débito, simultaneamente, para connosco.

Nessa mesma noite, depois do dia difícil, fui jantar com uns amigos. Entre cervejas e gargalhadas fui contando o que acontecera no encontro e explicando as mazelas. A reacção deles não variou (compreensivelmente) das outras que já tinham todos tido noutras alturas: a incredulidade apoderou-se dos presentes não encontrando justificação para o esforço físico e para, em certas alturas, o sofrimento.

É fácil de perceber que isto passa pela cabeça de quem não joga rugby. Mas tudo vale pelo momento de uma placagem, de uma entrada, de um lifting ou maule. A adrenalina é imensa e a vontade de entregar o que se tem à camisola excede o compreensível. Os narizes partidos, sobrolhos abertos, orelhas rasgadas, pés torcidos (para não falar de coisas mais graves) são completamente secundários. A solidariedade dentro de campo é ordem, a equipa é o sustento individual. "A cabeça é que manda" aprendi num dos primeiros treinos da minha vida (a 10 anos, precisamente) e a partir daí tem sido só construir, aprender, respeitar. É dificil perceber o que um jogador de rugby sente a não ser que se seja um. É difícil deixar de jogar rugby pelo que se vive. Que continue a ainda curta aventura do C.R.L. por tudo isto e por muito mais.

Até Já

2 comentários:

  1. Obrigado pela menção do meu sobrolho aberto. Estava a ver que ninguém dizia nada sobre isso neste mundo da web...

    Outra palavra para o post em si. Transmitiste extraordinariamente bem o sentimento de frustração/orgulho de qualquer jogador de rugby: o facto do nosso sacrifício não ser percebido por todos, e por isso mesmo é mais valorizado por nós, os que andamos na lama, suor e placagens da vida...

    Obrigado Miguel, e obrigado ao meu desporto

    TL

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  2. nisto do rugby não existe parnasianismo que o valha, não cabe em palavras tanto o bom cm o mau... né?
    o teu sobrolho é extraordinário!!
    abraços

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