sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tolerância de Ponto

Em Portugal, ou se é cristão católico ou se é ateu. As outras religiões têm pouca expressão e também daqui parte a minha pseudo-mini-observação. Estive quase a não escrever sobre o assunto mas acabei por não me conter.
É preciso ter cuidado quando alguém que faz parte da Igreja (sim, eu faço parte e não sou padre) escreve sobre a mesma. Tem que se ser cauteloso uma vez que existem línguas afiadas na procura de uma eventualidade ou de uma incongruência e a qualquer momento saem para cortar a torto (não vou falar da pedofilia: o tema entristece-me pela maneira que é tratado e acredito que concordam comigo, independentemente de crenças). Existe uma social-aceitação em relação à crítica meramente destrutiva e ao escárnio para a qual não encontro razão. Se a crítica partisse de mim aos ateus, seria automaticamente rotulado de submisso e de pessoa sem senso pois estaria a por em causa o dito bem maior: a liberdade humana e a sua independência(e aqui muitas vezes se confunde liberdade com "fazer o que me dá na pinha"). Não profiro nenhuma observação desse género porque procuro respeitar os costumes alheios (apesar de saber que às vezes me perco). De parte a parte, é de mais pedir um exigente respeito?
Quando o Governo oferece tolerância de ponto para a visita do Santo Padre (Santo significa que procura o caminho de santidade, não significa que ele seja "Santo") parte do mundo se revolta. Pode-se concordar ou não (eu próprio não tenho opinião formada ainda) mas o tom da crítica é sempre ofensivo e desnecessário. Aclama-se um Estado Laico mas isso mataria as férias de Natal, Carnaval, Páscoa, 15 de Agosto, feriados regionais (Sto. António, S. João, etc), etc. O que aconteceria se esses feriados fossem riscados? De qualquer maneira, não é pelos feriados que eu fico aborrecido, é antes pela falta de coerência que existe e pela falta de respeito que se tem, por vezes, pela religiosidade dos outros, por parte dos que são os primeiros a aclamar a Liberdade.
Sei bem que, muitas vezes, o calor com que se defende a causa não ajuda a própria (e isto funciona para ambos os lados) mas pedir um exigente respeito não é de mais.

tj

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