quarta-feira, 17 de março de 2010

Fé e Justiça

E que grande iniciativa do Cupav, do Pe. Miguel e dos animadores. Grande trabalheira para que tudo corresse bem e no fim, tudo correu bem!
Abriu o dia o anfitrião, acompanhado pela Joana Carneiro, pelo Ricardo Araújo Pereira e pelo Pe. Tolentino. Pode ser contra-sensual mas acho que o dia começou ao contrário pois este foi, a meu ver, O momento do dia!
Não conhecia a Joana Carneiro mas a minha irmã, que de pé partido se sentava ao meu lado, mal vislumbrou a maestrina soltou um comentário apreciativo "Esta Joana é uma croma" (no bom sentido)! E quando começou a falar, a plateia composta por cerca de 600 pessoas, das quais muitas universitárias, rendeu-se aos seus encantos, parecia que falava com um amigo, a oradora, na intimidade e no conforto da confiança. Falou da solidão intrínseca dos músicos e em como se ajudava nos momentos difíceis. Falou da sua profissão que é "tocar a orquestra" e nos desafios que se lhe apresentam por ter uma posição de destaque no conjunto. Foi absolutamente formidável. Em seguida falou o Ricardo Araújo Pereira. Começou com um tom sério, como se impunha mas não deixou de soltar uma ou outra graça que todos pôs a descoberto. Explicou como a sua profissão assenta em tudo o que há de mal na sociedade mas disse-o com uma clareza tal e com uma normalidade que, às tantas, parecia vulgar. Recriminou-se por não ser o Sal da terra mas por oposição confessou-se orgulhoso de ser os coentros ou os oregãos da terra (quando tudo está mal, acrescenta-se um pouco destas ervas e passa...). Muito eloquente, cheio de citações e de opiniões fundadas, assumiu que, apesar de ateu, andou em várias escolas religiosas mas que suporta muito bem os Padres que conheceu ao longo da vida. Não suporta é os "padrecas"... muito bom. Por fim, e para acabar e grande, o padre Tolentino falou de comunidade e individualidade. Talvez não fossem novos os pensamentos mas foram incisivos. Não somos independentes dos outros e existe a necessidade de vermos o mundo à nossa volta, não apenas olhar! Com muitos paralelismos bíblicos, com palavras simples, à imagem do próprio. Poderia continuar a escrever mas seria de menos e não seria justo para os oradores
Na tertúlia da manhã, assisti à Ana Barata (centro social da Musgueira), ao Anacoreta Correia (advogado e filiado no CDS) e ao Martim Avillez (director do i). Discurso muitíssimo interessante da parte de todos, principalmente dos últimos 2. Ana Barata falou do seu exemplo prático no programa da Alta de Lx. Como o Estado e a Sociedade Civil se juntam na batalha diária mas também como o primeiro se opõe, com burocracias, ineficiências e etc, à realização de vários projecto fulcrais. Anacoreta Correia falou da estrutura do Estado e da Sociedade Civil e concluiu que a fusão destes dois acontece, por excelência nos partidos políticos. Consensual ou não, levantou algumas questões adormecidas e despoletou a atenção para a desresponsabilização da Sociedade civil (nossa). Quando questionado sobre os pequenos resultados que o seu trabalho no seu partido oferece e sobre a motivação à filiação que tal exemplo pode dar, respondeu "Sei bem em que partido não estão inscritos. E que resultado traz isso??". Por fim, Martim Avillez, meio despenteado e de calças de ganga pôs toda a gente à vontade com a humildade com que falava. Falou sobre os iogurtes de avelã que não existem no mercado e sobre os sabores que existem e consequente escolha do consumidor (fazer fácil paralelismo). Mais uma responsabilização da Sociedade Civil em se informar, em comprar jornais e em ler, em querer saber. Falou-se de capas apelativas de jornais e sobre o negócio que é e por oposição do papel dos mesmos no estímulo intelectual do povo leitor. A luta comercial, a luta de conteúdos.
O almoço foi muito agradável, bacalhauzito com grão e tomate e uns grelos do melhor!
À tarde, a proposta foi a Educação. Um painel que se complementava na perfeição. Luisa Norton, psicologa falou dos temas interiores e sobre tudo do limite de acção, da importância de negar vontades e estabelecer regras. Sublinhou que tempo de qualidade não é necessáriamente tempo aprazível e que o amor, por vezes, surge em forma de "não". Deu um toque feminino, de mãe, de psicologa, obviamente disperta para os temas interiores e psicológicos. O judoca Nuno Delgado expos a importância do desporto na educação e nos valores que estas actividades extra podem oferecer. Explicou como gere as suas aulas de judo e o que quer transmitir com elas. Não é para saírem lutadores geniais mas sim lutadores nas suas vidas, com vontade de maior alcance (estou a por a coisa em termos foleiros para ser + fácil perceber). Por fim, o professor Nuno Archer deu uma visão global da escola e dos intervenientes na educação de uma criança. Levantaram-se problemas com o Estado, com as famílias, com os próprios alunos. Cheio de energia, deu gosto olhar para este professor orgulhoso da sua profissão e realizado com ela. Este painel complementou-se bastante bem.
Para acabar o dia, todos os 600 juntos de novo, o padre Carlos Caneiro, o Jacinto Lucas Pires e o Tiago Forjaz falaram. O padre Carlos Carneiro, com a sua tão própria e apaixonada maneira de falar tocou em mil metáforas no sentido de explicar Deus na sua vida. Confesso que nesta altura o almoço pesava-me nos olhos... Jacinto Lucas Pires transformou-nos todos em Winnie the Pooh, com vontade de ser tigres mas sem riscas. A solução para passar a ser tigre com riscas era apenas querer. O que é que se extrai daqui? Por fim, Tiago Forjaz falou da marca da Língua Portuguesa, não de Portugal. Com um powepoint muito à consultor, foi o que menos me impressionou mas apesar de tudo, com uma mensagem interessante, que não divergiu de todo o encontro.

Correu bem e acho que o objectivo foi alcançado: desenhar o futuro.

1 comentário:

  1. Eu estive lá e também achei que o dia foi fantástico. É mesmo bom encontrar pessoas positivas que pensam pela positiva.Claro que achei piada a muita coisa mas o que mais me marcou foram os discursos mais "dificeis" e talvez menos "infantis" como por exemplo o testemunho da Joana Carneiro, a serenidade do P. Tolentino, a visão do Martim Avilez, e a sabedoria do P. Carlos Carneiro. Mas acho que estiveram todos muito bem.

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